lipopolissacarídeo

Lipopolissacarídeo (LPS) é uma molécula da membrana externa de muitas bactérias Gram-negativas. É constituído por lipídeo A, núcleo polissacarídico e O antígeno. O lipídeo A prende o LPS à membrana e é o principal componente endotóxico; o núcleo e o O antígeno variam entre espécies, conferindo antigenicidade ao complexo.

O lipídeo A é um dissacarídeo ligado a ácidos graxos; o núcleo contém açúcares incomuns; o O antígeno é uma cadeia repetitiva de açúcares que pode variar amplamente entre cepas. A presença do O antígeno determina o estado suave (com O antigen) ou áspero (sem ele) e afeta a imunogenicidade e a interação com fagócitos.

LPS atua como barreira da membrana externa, contribuindo para a impermeabilidade e proteção contra determinados químicos. Quando liberado, o LPS é reconhecido pelo sistema imune inato: proteínas plasmáticas como LBP e CD14 facilitam a apresentação ao receptor TLR4-MD-2, levando à ativação de vias de NF-κB e à produção de citocinas. Em altas concentrações pode causar choque séptico.

Biossíntese e transporte ocorrem em Gram-negativas. O LPS é montado no citosol e transferido pela complexa Lpt até a face externa; o comprimento do O antígeno é regulado por proteínas como Wzz.

Relevância clínica: o LPS é utilizado como endotoxina de referência em ensaios de detecção (teste LAL). A detoxificação pode empregar derivados lipídicos atenuados (por exemplo MPLA) e, sob supervisão médica, polimixinas. O LPS pode contaminar vacinas, exigindo purificação adequada.

Em algumas bactérias, como Neisseria, existe lipooligossacarídeo (LOS), que não possui O antígeno longo. O LPS, quando presente, é um fator de virulência que influencia a interação com o hospedeiro.