Transdisciplinar

Transdisciplinar, ou transdisciplinaridade, é uma abordagem de produção de conhecimento e solução de problemas que busca cruzar fronteiras entre disciplinas, integrando saberes acadêmicos com saberes de atores não acadêmicos, como profissionais, formuladores de políticas e comunidades. O objetivo é enfrentar problemas complexos do mundo real de forma holística e contextualizada, gerando conceitos, modelos ou soluções que nenhuma disciplina isolada conseguiria produzir.

Ao contrário do trabalho multidisciplinar ou interdisciplinar, a transdisciplinaridade enfatiza a colaboração com atores externos à academia, a coconstrução de conhecimento, o aprendizado mútuo e a responsabilidade compartilhada pelos resultados. Busca produzir conhecimento ao mesmo tempo robusto cientificamente e relevante socialmente.

O termo ganhou destaque nas décadas de 1990, especialmente por Basarab Nicolescu, que associou a transdisciplinaridade a planos de realidade e à integração de perspectivas subjetivas e objetivas. A abordagem tem sido desenvolvida em sustentabilidade, estudos de ciência e tecnologia e educação como framework para problemas transversais e sistêmicos.

Na prática, a pesquisa transdisciplinar utiliza métodos participativos, desenho colaborativo, análise de partes interessadas e ciclos iterativos de investigação. Pesquisadores e atores definem perguntas, coletam e interpretam dados e traduzem resultados em políticas, práticas ou protótipos. Conceitos como objetos fronteira e reflexividade ajudam a gerir diferenças de linguagem, valores e poder.

Áreas de aplicação incluem sustentabilidade, saúde pública, planejamento urbano, gestão ambiental e educação. Benefícios: soluções mais relevantes, maior legitimidade e adoção pela sociedade. Desafios: exigências de tempo e financiamento, tensões epistemológicas, desequilíbrios de poder e dificuldades na avaliação de impactos.

Exemplos operacionais incluem projetos de resiliência urbana, planejamento de adaptação climática e iniciativas de saúde comunitária que integram ciência e conhecimento local. Críticos destacam a necessidade de evitar integração superficial, resolver tensões epistemológicas e manter clareza sobre objetivos e responsabilidades.