Pressuposição

Pressuposição é um tipo de conteúdo implícito que acompanha uma enunciação: uma suposição de fundo que se assume como verdadeira para que a frase faça sentido ou seja adequada ao contexto. Não corresponde ao que é explicitamente afirmado, mas é condição prévia para a interpretação do enunciado.

Na tradição da linguística e da filosofia da linguagem, a pressuposição é distinta da afirmação assertion e da implicatura. Ela se caracteriza por projecção: tende a permanecer válida mesmo quando a frase é negada, questionada ou inserida em diferentes contextos. Autores como Frege, Stalnaker, Heim e Sag desenvolveram abordagens para explicar como essas informações de fundo influenciam a comunicação.

Gatilhos comuns de pressuposição incluem descrições definidas (definiteness), verbos factivos (que implicam o conteúdo de que se tem conhecimento), e verbos de mudança de estado. Exemplos em português: “O rei da França é careca” pressupõe que existe um rei da França; “João parou de fumar” pressupõe que João fumava anteriormente. Verbos como “parar de”, “continuar a” ou “começar a” costumam carregar pressuposições sobre estados ou ações anteriores.

A projecção das pressuposições significa que, sob negação ou em perguntas, a suposição permanece válida, ainda que o conteúdo explícito mude. Por exemplo, “João não parou de fumar” continua a pressupor que João fumava antes.

As pressuposições são importantes para a análise semântica e pragmática, ajudando a explicar como o contexto e as escolhas de expressão influenciam a interpretação. Elas também são tema de debate conceitual, sobretudo quanto à sua diferença de implicaturas e à sua robustez em diferentes línguas.